TORINO
“A Itália perde a base de sua seleção”
Em 4 de maio de 1949, há
algumas milhas de Turim, sob forte nevoeiro, aconteceu uma tragédia que
marcaria para sempre a história do futebol italiano e mundial.
O avião, um Fiat G212, que
transportava a delegação do Torino de volta à Itália, após um amistoso
contra o Benfica em Portugal, chocou-se contra uma das torres da
basílica de Turim de Superga, a 600 metros de altura. Não houve
sobreviventes.
Pela Liga Italiana a
rodada era a de número 34. O Torino liderava a competição com quatro
pontos de vantagem sobre a Internazionale de Milão, faltando quatro
jogos para o término do Campeonato. Como na época a vitória valia dois
pontos, oito ainda estavam em jogo.
No mesmo dia a Liga
declarou a equipe grená campeã nacional. Seria, então, o quinto Scudetto
(título de campeão italiano) consecutivo do time. Considerado a melhor
equipe da Europa durante uma década e a base da Azurra, os dirigentes
não aceitaram tal proposta: queriam conquistar o título em campo,
jogando.
Para honrar os 18
jogadores mortos na tragédia, entre eles o ídolo Valentino Mazzola, o
Torino disputou as quatro partidas restantes com a equipe juvenil. Em 15
de maio, a primeira, 4x0 em cima do Genova. Em 22 de maio, a segunda:
3x0 no Palermo. Em 29 de maio, a terceira, 3x2 contra a Sampdoria. Por
fim, 12 de junho, 2x0 na Fiorentina.
Os quatro rivais
demonstrando profundo respeito, também escalaram suas equipes juvenis.
Assim, o Torino atingira o seu principal objetivo e sagrou-se campeão
dentro de campo. A equipe viria a ganhar um novo Scudetto apenas em
1976.
REGISTRO: Vestindo
camisas grenás, o Corinthians prestou no mesmo dia do acidente uma
homenagem aos jogadores do Torino, num jogo contra a Portuguesa, no
estádio do Pacaembu.
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Os jogadores na foto: Bacigalupo;
Castigliano, Ballarin, Rigamonti e |
Loik; Menti e Ossola; Martelli,
Gabeto, Moroso e Mazzola. |
MANCHESTER UNITED
“A tragédia que a
Inglaterra nunca esquecerá”
No dia 06 de fevereiro de
1958, após a disputa de uma partida contra o Estrela Vermelha, em
Belgrado, o Manchester fazia a viagem de retorno à Inglaterra.
A equipe havia conquistado
um empate por 3 a 3 contra o time iugoslavo, que lhe rendeu a
classificação para as semifinais da Taça dos Campeões.
Mas não houve tempo para
comemoração. Segundo testemunhas, durante a viagem estava nevando muito.
O piloto do bimotor da British European Airways, construído pela “De
Havilland”, que fazia vôos regulares entre a Alemanha e a Inglaterra,
estava com pouca visibilidade. E, para piorar, um dos motores estava com
defeito. A torre chegou a ser informada sobre o problema, mas nada
adiantou.
Logo depois, o motor pegou
fogo e o avião caiu nas proximidades da cidade de Munique, na região da
Baviera, por volta das 18 horas.
No acidente morreram 28
pessoas entre passageiros e moradores do local da queda do avião. A
comitiva do Manchester era formada pelo diretor esportivo, o secretário
da equipe, 11 jornalistas e 17 jogadores.
Logo após o acidente, o
zagueiro Billy Foulker afirmou: “Tudo se passou terrivelmente depressa.
Uma explosão formidável que sacudiu o aparelho, e tínhamos a impressão
que nossos tímpanos explodiam”.
A equipe perdeu oito
jogadores: Roger Byrne, Eddie Colman, Duncan Edwards, Mark Jones, David
Pegg, Tommy Taylor, Liam Welan e Greoffrey Bent.
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O que sobrou do
bimotor !!! |
Entre os sobreviventes
Bobbby Chalton, que, em 1966, voltou a sorrir quando no estádio de
Wembley, foi o grande destaque no Mundial vencido pela Inglaterra.
Até hoje a tragédia não
foi esquecida. No aeroporto de Riem foi construído um grande memorial e
várias homenagens ocorreram no aniversário de 40 anos do acidente, em
1998. A mais bonita aconteceu no estádio Old Trafford, no dia 7 de
fevereiro desse ano. Antes do jogo entre Manchester United e Bolton,
mais de 50 mil pessoas fizeram um minuto de silêncio.
Nesse mesmo ano, 1998, o
destino pregou uma peça aos ingleses. O Manchester foi à cidade de
Munique enfrentar, pela Copa dos Campeões, o Bayern Munich, no dia 30 de
setembro. O jogo terminou empatado por 2 a 2 e a dor da lembrança voltou
ao coração dos ingleses.
ALIANZA
LIMA
“A tragédia que podia
ser evitada”
O Alianza Lima foi, ao
longo dos anos 70 e 80, a grande sensação do futebol peruano e a base
para as convocações da seleção nacional. Na época o Peru ocupava o lugar
de quarta potência do futebol sul-americano atrás apenas de Brasil,
Uruguai e Argentina. Porém, essa história de grande celeiro de grandes
jogadores do futebol peruano se encerrou de forma rápida e trágica.
No dia 8 de dezembro de
1987, o Alianza estava na cidade de Pucallpa, onde disputava mais uma
partida pelo Campeonato Peruano, competição que liderava naquele
momento. O time saiu de campo vencedor por 1 x 0. Foi a última vitória
da precoce carreira daqueles atletas.
No retorno à capital,
poucos minutos antes de aterrissar no Aeroporto Internacional Jorge
Chavez, o avião Fokker 27 MPA, da Marinha de Guerra do Peru, apresentou
problemas no trem de pouso dianteiro. O piloto – mais tarde descobriu-se
que não era qualificado – fez, por duas vezes, manobras bruscas com a
aeronave, para cima e para baixo, no intuito de baixa o trem de pouso a
força. Na segunda manobra perdeu o controle do avião que caiu no Mar de
Ventanilla. Apenas ele, o piloto, sobreviveu. Perderam a vida todos os
jogadores, comissão técnica, alguns torcedores, árbitros e a tripulação.
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A última foto
antes da tragédia |
A tragédia comoveu o país.
E também os sobreviventes. Escaparam da morte Juan Reynoso, Richard
Garrido, Javier Castillo, Benjamin "Colibri" Rodriguez e César Espino,
todos integrantes do time titular, mas que, por motivo de contusão ou
suspensão, não participaram da partida.
No ano seguinte, o público
pernambucano pôde conhecer de perto o que sobrou do Alianza Lima. A
equipe estava no mesmo grupo que o Sport, na Copa Libertadores da
América. Ex-sensação do futebol peruano, o time azul e branco estava
desmantelado. Primeiro, o Leão venceu no Peru, 1 x 0, gol de falta de
Betão; depois, goleou o adversário, na Ilha do Retiro, por 5 x 0.
Esperança do país, o
Alianza encerrou sua participação na competição continental em último
lugar eu sua chave, apesar da animação dos jogadores atuais
O acidente causou uma
reviravolta no futebol peruano. Em termos práticos, o futebol do país
ainda não se recuperou da tragédia. Jamais as equipes peruanas
conseguiram maior destaque nas competições sul-americanas. O Alianza é
um nome quase desconhecido para as novas gerações - que viram o Sporting
Cristal se tornar o principal representante do futebol peruano.