COPA DO MUNDO NO
BRASIL EM 2014. BOM OU RUIM?
Uma
Copa do Mundo por aqui (a primeira aconteceu em 1950) com certeza aguça
ainda mais a paixão pelo futebol e a vontade de assistir de perto o que só é
visto pela TV.
Além
disso, pensa-se nas reformas e construção de estádios, na criação da
infra-estrutura necessária para o evento (transporte, centros de
treinamento, alojamentos, etc.) e nos empregos que toda essa mobilização
pode ser gerar.
Ver a
nossa Seleção no Morumbi, no Maracanã ou em algum novo estádio, de pertinho,
será uma beleza, não será?
Mas a
realidade brasileira nos mostra que não é bem assim. Quantos brasileiros têm
150 reais para pagar pelo ingresso mais barato de um jogo da primeira fase?
Qual
seria o público pagante de uma partida, por exemplo, no Mineirão entre
Coréia do Sul x Togo às 16 horas de uma terça-feira? Teríamos 45 mil pessoas
no estádio sendo que a média de público do último Brasileirão foi de 12.300
pagantes? Acredito que seria vexatório ver os estádios vazios, diferente do
que acontece em outros países.
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Será que uma cena
dessas se repetiria no Brasil em uma terça-feira à tarde ? |
E a
questão da segurança pública? Será resolvida com tanques nas ruas como na
ECO92?
Será
que ganharemos com os empregos gerados e os estádios reformados ou novos?
Infelizmente não é bem assim. Os empregos para esses eventos são
temporários, não duram mais do que dois meses. E o “apagão aéreo”? Algum dia
voaremos com segurança neste país? E a parte mais triste: o governo e a CBF
tocando os investimentos necessários.
Vamos
fazer uma comparação pensando nos Jogos Pan-americanos do Rio - que irão
acontecer entre 13 e 29 de Julho deste ano - para imaginar o que nos espera.
A
pouco mais de 100 dias de seu início, as obras não estão concluídas. Algumas
modalidades deixarão de ser competidas por não haver mais tempo para
preparar o local onde seriam disputadas.
O
orçamento inicial do Pan foi estipulado em R$ 409 milhões, mas os gastos, no
entanto, já somam R$ 3,2 bilhões, ou seja, aproximadamente oito vezes mais.
Em
inspeção realizada pela FIFA, nenhum estádio do Brasil foi aprovado. Nem a
Kyocera Arena, a conhecida Arena da Baixada, o mais moderno estádio
brasileiro, pertencente ao Atlético Paranaense, teve a aprovação de Joseph
Blatter, o presidente da entidade.
Para
organizar a Copa, são necessárias 12 sedes em totais condições de utilização
dentro das mais rigorosas normas de conforto e segurança.
Você
diria: uma parceria com a iniciativa privada resolve essa questão. Mas o
capital privado só aposta no que dá lucro. Após a Copa, esses estádios
voltam a sua rotina de baixa arrecadação e uma parceria com o governo e CBF
é difícil encarar até para o mais aventureiro dos empresários. A Copa
Coréia-Japão custou 14 bilhões de reais, a da Alemanha – que não necessitou
tantos investimentos - seis bilhões de reais. Todos sabemos que por aqui as
licitações são constantemente fraudadas e os preços superfaturados. Mais um
detalhe: a Copa do Mundo é deficitária. O valor arrecadado em ingressos e em
turismo nunca cobriu as despesas em nenhuma das edições realizadas até hoje.
A
candidatura já foi confirmada. Concorrente direto na América do Sul só a
Colômbia, que padece dos mesmos problemas que nós e, para piorar - para eles
-, com menos infra-estrutura. O Canadá com seu futebol semi-amador e
novamente os Estados Unidos estão aguardando na fila de espera.
Minha intenção é
despertar o debate sobre esta questão: vale a pena?
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Corremos o risco
de ver o Morumbi vazio durante a Copa !!! |
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